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A educação eugênica e as críticas de Lima Barreto: a representação dos contrários

Acadêmica: Neila Paula da Silva

Orientadora: Maria Lucia Boarini

Ano: 2008

Resumo: O objetivo geral deste estudo é investigar a contribuição da educação escolar para o ideário da eugenia, no período de 1913 a 1931, no Brasil. Temos, ainda, como objetivo específico analisar as críticas do escritor Lima Barreto, até 1922, ano de sua morte, sobre educação, raça, alcoolismo e loucura. Para tanto, fizemos uma análise histórica, utilizando como fonte de pesquisa autores e documentos da época, contextualizando assim, o objeto estudado. Considerando a riqueza de acontecimentos sociais e do material produzido na época pelos adeptos da eugenia, elegemos como fonte primária para nosso estudo o Boletim de Eugenia (1929-1931) e o livro intitulado Melhoremos e prolonguemos a vida: a valorização eugenica do homem (1922). Em relação ao escritor Lima Barreto, optamos pelo estudo e análise de suas obras não ficcionais. Como as obras selecionadas para este estudo nos possibilitavam várias análises sobre diferentes aspectos que constituíram a sociedade brasileira no início do século XX, o enfoque desta pesquisa se ateve às categorias: educação, raça, alcoolismo/loucura. Como resultado desta pesquisa, pudemos destacar que, para os adeptos da eugenia, a mistura entre raças era o fator principal das mazelas sociais e da degenerescência da população brasileira. Nesse sentido, a educação eugênica deveria fazer parte do conteúdo didático das escolas de todos os níveis, conscientizando os indivíduos da importância da procriação e do aperfeiçoamento da raça para o Brasil tornar-se uma grande nação. Para os eugenistas a educação dos mais aptos, seria verdadeiramente o progresso, pois o degenerado – biologicamente inferior –, a educação nada ou quase nada poderia fazer. Já que todo hábito adquirido não é transmitido aos seus descendentes. O escritor Lima Barreto não viveu o período áureo do movimento eugenista no Brasil, quando em 1929, realizou-se o 1º Congresso Brasileiro de Eugenia na cidade do Rio de Janeiro. Sua morte ocorreu em 1922, quando estas idéias estavam em ascensão no Brasil. Entretanto, Lima Barreto já questionava os pressupostos científicos de caráter eugenista, que explicavam as desigualdades sociais apoiados no paradigma da ciência da natureza. Suas críticas eram extensivas à organização e aos conteúdos dos diferentes níveis do sistema educacional por não formar indivíduos críticos e só favorecer “aos bem nascidos ou pela fortuna ou pela posição dos pais” (BARRETO, 2004i, p.299-306).

 

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